#21 | Quem disse que você não pode?
Um guia (sem enrolação) para identificar e chutar suas crenças limitantes pra longe
Sabe aquela sensação de estar com o freio de mão puxado bem na hora de acelerar? Ou aquela vozinha interna, meio ranzinza, que adora sussurrar um "ih, melhor não tentar..." ou "isso não é pra você"? Pois é. Essa figura incômoda, que às vezes parece ter um megafone dentro da nossa cabeça, mora no território fértil (e traiçoeiro) das nossas crenças limitantes.
Falando sério, essas crenças são como óculos com a lente errada que a gente esqueceu que está usando. São ideias que absorvemos em algum momento, seja da família, da sociedade ou de uma experiência ruim, e passamos a tratar como verdades absolutas sobre nós mesmos e o mundo. O problema? Elas funcionam como paredes invisíveis, nos impedindo de alcançar coisas que, no fundo, a gente sabe que poderia.
Então, que tal a gente tirar esses óculos embaçados por um instante? Nesta edição, vamos bater um papo reto sobre como identificar essas barreiras mentais e, mais importante, como começar a quebrá-las. Sem fórmula mágica, sem positividade tóxica, só reflexão e alguns cutucões pra te tirar do lugar (no bom sentido, claro!). Vamos nessa?
👻 Onde moram os fantasmas do 'não vai dar'?
Identificar uma crença limitante é quase um trabalho de detetive particular. Elas são mestres do disfarce, muitas vezes se escondendo sob o manto do "realismo", da "prudência" ou até do "bom senso". "Ah, eu não sou criativo(a)" vira "sou uma pessoa prática". "Tenho medo de falhar" se fantasia de "prefiro ter segurança". Sacou?
O truque é começar a prestar atenção na sua própria narrativa interna. O que você diz para si mesmo(a) quando pensa em um desafio novo? Quais são as justificativas que surgem automaticamente quando você evita algo que te assusta ou te tira da zona de conforto? Essas respostas costumam ser placas de neon apontando diretamente para as suas crenças mais arraigadas.
Para facilitar essa investigação, que tal ficar de olho em alguns sinais?
Suas desculpas favoritas: Quais são as frases que você mais usa para justificar por que não fazer algo? ("Não tenho tempo", "Não tenho dinheiro", "Não sou bom o suficiente", "É muito difícil...")
Padrões de autossabotagem: Você começa projetos e nunca termina? Evita oportunidades que te colocariam em destaque? Perceba se existe um ciclo repetitivo.
Comparações constantes: Se a grama do vizinho sempre parece mais verde (e você se sente menor por isso), pode haver uma crença limitante sobre seu próprio valor ou capacidade.
Medos irracionais: Aquele pavor desproporcional de julgamento, rejeição ou fracasso. O que realmente aconteceria de tão terrível?
📢 Botando a boca no trombone: quem disse que essa 'verdade' é sua?
Uma vez que você começa a farejar essas crenças, o próximo passo é questioná-las. E aqui entra a parte divertida (ou desconfortável, dependendo do dia): colocar essas "verdades" no banco dos réus. De onde elas vieram? São realmente suas ou você as herdou sem questionar? E a pergunta de ouro: essa crença é 100% verdadeira, em todas as situações, sem exceção? (Spoiler: a resposta quase sempre é não).
É engraçado como carregamos certas ideias por anos a fio sem nunca parar para pensar: "Espera aí, quem me disse isso? E por que eu acreditei?". Muitas vezes, são ecos do passado: um professor crítico, uma dinâmica familiar específica, um fora que doeu. Reconhecer a origem já tira um pouco do poder da crença. Ela deixa de ser uma verdade universal para ser apenas... uma opinião antiga.
Agora, vamos cutucar essa crença com vara curta:
Procure evidências contra ela: Mesmo que você acredite não ser "bom com números", pense em todas as vezes que gerenciou seu dinheiro, fez um cálculo rápido ou entendeu um gráfico. Pequenas vitórias contam!
Questione a autoridade da fonte: Quem te disse que você não era [insira a característica aqui]? Essa pessoa era uma autoridade no assunto? Tinha uma visão imparcial?
Imagine o oposto: E se essa crença fosse totalmente falsa? Como sua vida seria diferente? O que você faria? Esse exercício ajuda a visualizar novas possibilidades.
Reformule a crença: Troque "Eu sou péssimo(a) em falar em público" por algo como "Falar em público ainda é um desafio para mim, mas estou aprendendo a lidar com isso" ou "Posso me sentir desconfortável ao falar em público, mas tenho ideias valiosas para compartilhar".
👟 Calçando os tênis: como correr (ou caminhar!) para longe das amarras
Pensar é ótimo, questionar é fundamental, mas a verdadeira mudança acontece quando a gente age apesar da crença limitante. É aqui que a mágica (ou melhor, o esforço consciente) acontece. Cada pequena ação que desafia a velha narrativa funciona como um tijolinho na construção de uma nova crença, mais fortalecedora e alinhada com quem você quer ser.
Não precisa ser nada grandioso. Se a crença é "não sou criativo(a)", talvez o primeiro passo seja se inscrever em um workshop de cerâmica, mesmo achando que vai fazer tudo errado. Se for "tenho medo de pedir ajuda", pode ser simplesmente mandar uma mensagem para um colega com uma dúvida pontual. O importante é dar o passo, por menor que seja.
Lembre-se: consistência ganha de intensidade. É melhor dar micropassos todos os dias do que esperar por um salto heroico que nunca chega.
Comece pequeno e específico: Escolha uma crença e uma microação para desafiá-la esta semana. Exemplo: Crença = "Não sou bom em networking". Ação = "Vou mandar uma mensagem para uma pessoa no LinkedIn elogiando um post dela".
Celebre as mini-vitórias: Conseguiu fazer a ligação que estava adiando? Falou sua opinião na reunião? Reconheça e comemore! Isso reforça o novo comportamento.
Cerque-se de apoio (realista): Converse com amigos que te incentivam de verdade (não os que te afundam ou te vendem soluções fáceis). Às vezes, só desabafar já ajuda.
Encare o desconforto como aliado: Sair da zona de conforto é desconfortável. Em vez de fugir, respire fundo e veja isso como um sinal de que você está crescendo.
🧹 E depois da faxina mental, o que sobra?
Vamos ser sinceros: superar crenças limitantes não é como apertar um botão de "delete". É mais parecido com cuidar de um jardim. Você arranca as ervas daninhas (identifica e questiona), prepara o solo (reformula as crenças) e planta novas sementes (age de forma diferente). Mas, de vez em quando, uma erva daninha teimosa tenta brotar de novo. E tudo bem. O importante é ter as ferramentas e a consciência para lidar com ela.
O que sobra depois dessa "faxina" não é uma mente perfeitamente blindada ou uma vida sem desafios. O que sobra é espaço: para novas ideias, novas tentativas, novas versões de você mesmo(a). Também sobra a liberdade de escolher no que acreditar e a clareza para perceber quando uma velha história tenta te puxar de volta.
No fim das contas, essa jornada é sobre recuperar o poder sobre a sua própria narrativa. É parar de deixar que medos antigos ou opiniões alheias ditem o tamanho dos seus sonhos e a ousadia dos seus passos. É um processo contínuo, às vezes frustrante, mas incrivelmente libertador.
E você, como tem lidado com essas vozinhas aí dentro? Tem alguma crença limitante que anda te travando mais do que gostaria? Se quiser compartilhar, é só responder este e-mail ou deixar um comentário. Vai ser ótimo trocar essa ideia contigo.
Um abraço e até a próxima,
Adilson Silva
Desacelera & Avança